O QUE SONHAM OS BEBÊS ? GABRIELE MARIA


Os sonhos servem para aprender, treinar, lembrar, esquecer, resolver, refletir. Ajudam, acima de tudo, a crescer. É por isso que os bebês passam a vida a sonhar.

Minha 3ª neta Gabriele Maria nasceu dia 22/09/2014; e minha filha fica a perguntar o que ela deve estar "sonhando"? Então.....resolvi pesquisar mais, estudar e escrever:  o que os bebês sonham é ainda um mistério. Eles não contam e não há exames que permitam entrar dentro das suas cabeças. Mas, sabe-se, com toda a certeza, que sonham. E muito. Muito mais do que um adulto. Ainda dentro da barriga da mãe, o feto passa 95% do tempo a dormir e 80% desse tempo está a sonhar – os adultos sonham durante apenas 20% do sono. "O feto começa a passar pelo sono REM a partir da 23ª semana de gravidez. Alguns estudos afirmam ter provado que, entre a 24ª e a 30ª semanas, o feto sonha durante todo o tempo de sono", escreve o pedopsicólogo Richard Woolfson no livro «Em que pensa o meu bebê?» (Texto Editores).
O sono REM (Rapid Eye Movement – Movimento Rápido do Olho) é a fase do sono em que se sonha. Nesta fase, além de as pálpebras mexerem, o corpo fica imóvel, a respiração e o batimento cardíaco tornam-se irregulares. A atividade cerebral é intensa e os sonhos acontecem. Não é propriamente um sono profundo e reparador, mas sim um sono leve. O cérebro trabalha quase como se estivesse acordado. Faz aprendizagens, treina comportamentos, arquiva memórias, recupera pensamentos, resolve dilemas, reflete. É para tudo isto que se supõe que os sonhos sirvam.
"Os sonhos podem ter várias funções, mas ainda não se sabe exatamente por que sonhamos", afirma Teresa Paiva, neurologista e especialista na área do sono. O natural é que o bebé dentro da barriga da mãe sonhe que está a chorar, a mamar, a agarrar. "Os sonhos, principalmente os dos fetos e dos bebês, podem servir para aprender comportamentos específicos da espécie que assegurem a sua sobrevivência", resume Teresa Paiva.
Sorrir para a lua
O momento é de espanto e alegria para qualquer pai ou mãe: o bebê, com poucas semanas de vida, está a dormir tranquilo e, aparentemente do nada, sorri. "Está a rir para a Lua" ou "é o riso dos anjos" são as explicações mais ouvidas. Outras vezes, o bebê parece que faz beicinho ou franze as sobrancelhas. Está, provavelmente, a sonhar com contextos emocionais, em que essas expressões existem. Está, no fundo, a aprender expressões emocionais.
Os bebês sonham de uma forma muito semelhante à dos adultos, mas com algumas restrições: Nem todas as auto-estradas de comunicação estão maduras na cabeça deles. É natural que a articulação entre imagens, sentimentos e palavras seja mais rudimentar. A partir dos quatro anos, essas ligações nervosas estão mais afinadas e isso sente-se até nos sonhos.
Os recém-nascidos passam cerca de 60% do tempo de sono a sonhar. Os prematuros sonham ainda mais: cerca de 80%. Isto acontece porque os prematuros precisam de desenvolver o cérebro mais depressa, para apanharem os bebês de termo. Além das competências práticas que se aprendem durante os sonhos, a intensa atividade cerebral vivida durante o sono REM serve para que se estabeleçam «novas ligações entre as células cerebrais – ligações vitais para as capacidades associadas ao pensamento», explica Richard Woolfson. «É como se [o bebê] se concentrasse melhor enquanto sonha do que se estivesse acordado, pelo fato de haver menos distracções», acrescenta o pedopsicólogo. Quando um bebê está a dormir mais agitado, passando rapidamente para um sono mais tranquilo sem acordar, é um bom sinal: segundo Woolfson, mais uma nova ligação cerebral que foi criada.
O psicólogo acredita que os sonhos dos bebês os ajudem a refletir sobre os momentos que viveram durante o dia: «Sonham provavelmente com as experiências sensoriais relacionadas com o momento de mamar, o banho, a muda da fralda». Embora não percebam que estão a sonhar. Distinguir entre estar a sonhar e estar acordado só é possível, explica Eduardo Sá, «a partir do momento em que as palavras permitem à criança aceder à distinção entre passado, presente e futuro e entre faz-de-conta e realidade». São sonhos maravilhosos, pois a tranquilidade que as mães passam ajudam a deixá-los a cada dia sem preocupações e com suas emoções cada vez mais saudáveis ao que espera do mundo que por vir.                               Eliane Marçal - Psicóloga

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